Vou pela estrada, sozinha.
Não me acompanha ninguém.
- Num atalho, em voz mansinha:
“Como está ele? Está bem?”
É a toutinegra curiosa;
Há em mim um doce enleio…
Nisto pergunta uma rosa:
“Então ele? Inda não veio?”
Sinto-me triste, doente…
E nem me deixam esquecê-lo!…
Nisto o sol impertinente:
“Sou um fio do seu cabelo…”
Ainda bem. É noitinha.
Enfim já posso pensar!
Ai, já me deixam sozinha!
De repente, oiço o luar:
“Que imensa mágoa me invade,
Que dor o meu peito sente!
Tenho uma enorme saudade!
De ver o teu doce ausente!”
Volto a casa. Que tristeza!
Inda é maior minha dor…
Vem depressa. A natureza
Só fala de ti, amor!
(Florbela Espanca)
Nenhum comentário:
Postar um comentário