quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Amante

Sinto falta de um amor possível,
ultimamente tem sido impossível a possibilidade de amar
cabeça cheia,
coração vazio,
de todas as fontes que bebo
em nada me sacio.
Mas em algum lugar deve existir
uma alma tão revolta quanto a minha,
dando linha pra pipa do futuro.
Espero que bons ventos
tragam seu mandado
pro lado de dentro do meu muro.
(Daniel Fagundes)

sábado, 12 de dezembro de 2009

Latência

Meus poemas estão perfilados
Amotinados e confinados
Dentro de minhas incertezas
Forçam a explosão
Clarão de luzes inquietas
Uns saem imaturos
Outros chorosos
Alguns indicam mutações acentuadas
Mas como uma noturna doutrina
Visito-os em seu delírio de penumbra
Humildemente entendo-os
Alimento-os das melhores sínteses
Que possam existir
A satisfação do verso compreendido
Lava-me ao auto-exílio das sensações amenas
Palavras palavras palavras
Às vezes onde se escondem?
Às vezes tento colhê-las
O que encontro?
Larvas larvas larvas
E minhas inquietações pervagam
Em busca de novas velhas brigas
Pelo relâmpago da criação
(Edner Morelli)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Tantas Frestas

A incapacidade das minhas letras mutiladas
Deixam sem querer, expostas tantas feridas.
Um canto repleto de notas tristes despejadas.
Cuja harmonia se foi, em tantas vindas e idas.

E nos recantos dos versos, frestas denunciam.
O esforço contínuo que ainda em mim perdura
De querer novo começo, mas os gritos silenciam.
Limitando a eficácia do que considero armadura

Frestas evidentes me fazem um ser vulnerável.
Aos sutis e astutos ataques do ego inflamado
Que caça o ponto fraco, tentando faze-lo inábil.


Tentativa vã de ver o muro de arrimo dizimado
Porem se pelas frestas a luz turva meu olhar
Por elas, o norte certeiro me capacita desvendar.
(Glória Salles)

sábado, 5 de dezembro de 2009

Simples assim

Soprando afeto, vou multiplicando meus eus
Percorrendo a vida, em sonhos avarandados.
No campo da emoção faço minha cama.
Às vezes lágrimas, sob sorrisos disfarçados.

Vou brincando de ferver minhas artérias.
Equilibrando pensamentos esmiuçados
Brinco na fantasia palida do delirio
O chão adubo de sonhos, desejos eriçados

No céu rabisco todos os sentimentos.
Alimento-me do cheiro da chuva, do vento
Nas veias da ilusão passeio sem culpa
Nas utopias e nos caminhos que invento

De nada adianta esquadrinhar as causas.
Sou feita de nós e de abundantes pausas.
(Glória Salles)