terça-feira, 23 de abril de 2013

Contemplo o lago mudo

Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.

O lago nada me diz.
Não sinto a brisa mexê-lo.
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.

Trémulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?

(Fernando Pessoa)

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Poesia do Silêncio

A vida anda tão corrida e acabei deixando esse blog de lado... Mas voltei e vou postar poesias de alguns escritores que andei descobrindo por aí.
Para começar aqui vai uma poesia da Elizandra Souza, uma grande poeta! Vale muito a pena conhecer o trabalho dela: http://mjiba.blogspot.com.br/ Já coloquei outras poesias dela em posts anteriores, mas dessa vez escolhi essa bela poesia:

Eu tenho muita coisa a dizer
mas eu sinto medo
A palavra não dita...
é um sonho sem casa rastejando
nas esquinas da solidão...

É uma poesia escrita
nas poeiras das estradas
... que o vento arteiro apaga...
...nos traços...
laços do tempo em descompasso...
esventro-me no silêncio gritante
desta pária sociedade voando vazia
num mundo em desmundo...

Desabito os esconderijos...
dos segredos das folhas,
das verdades rabiscadas
nas pétalas dos girassóis...
...sol...
meu amigo mais constante...
que ávido de tesão testemunha meus segredos
e tênue, acaricia meus africanizados espíritos...
nesses instantes já nem sei quem sou...

(Poesia do Silêncio -  Elizandra Souza. Sininho Paco. Moçambique  2012)