segunda-feira, 31 de maio de 2010

Interrogação

Quando pararei de amar com intensidade?
Quando deixarei de me prender aos seres e coisas?

Quando me livrarei de mim?
Do que sou, do que quero, do que penso?

Quando deixarei de prantear?

No dia que eu deixar de ser eu
No dia em que eu perder a consciência
Do mundo que idealizei...
Neste dia...

Eu sorrirei sem saber do que sorrio
(Solano Trindade)

domingo, 16 de maio de 2010

É maria!
Onde está a tua graça?
Você sempre alegrando os outros
E quem te alegra Maria?
Quem?

Onde está a tua graça Maria?
Tanta preocupação, dedicação
Tantas lágrimas pelos outros
E você? Quem se preocupa?
Quem chora por ti Maria?
Quem?

Onde está a tua graça agora?
Onde?
(Maria Helena)

Insistência

Sou uma vertente do amor
Que insiste em sonhar cores inexistentes
Sou uma sombra que o acaso insiste em conduzir
Pela esquerda calçada da minha existência
E as imagens insistem resistem
E as imagens surpreendem ascendem
Insensatas ânsias latentes
(Edner Morelli, mestre em Literatura e Crítica Literária, poeta, professor universitário.
Blog: http://captacaodosegundo.blogspot.com/)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Castelã de tristeza..

Altiva e couraçada de desdém
Vivo sozinha em meu castelo, a Dor…
Debruço-me às ameias ao sol-pôr
E ponho-me a cismar não sei em quem!

Castelã da Tristeza vês alguém?!…
- E o meu olhar é interrogador…
E rio e choro! É sempre o mesmo horror
E nunca, nunca vi passar ninguém!

- Castelã da Tristeza porque choras,
Lendo toda de branco um livro d’horas
À sombra rendilhada dos vitrais?…

Castelã da Tristeza, é bem verdade,
Que a tragédia infinita é a Saudade!
Que a tragédia infinita é Nunca Mais!!
(Florbela Espanca)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Triste passeio

Vou pela estrada, sozinha.
Não me acompanha ninguém.
- Num atalho, em voz mansinha:
“Como está ele? Está bem?”

É a toutinegra curiosa;
Há em mim um doce enleio…
Nisto pergunta uma rosa:
“Então ele? Inda não veio?”

Sinto-me triste, doente…
E nem me deixam esquecê-lo!…
Nisto o sol impertinente:
“Sou um fio do seu cabelo…”

Ainda bem. É noitinha.
Enfim já posso pensar!
Ai, já me deixam sozinha!
De repente, oiço o luar:

“Que imensa mágoa me invade,
Que dor o meu peito sente!
Tenho uma enorme saudade!
De ver o teu doce ausente!”

Volto a casa. Que tristeza!
Inda é maior minha dor…
Vem depressa. A natureza
Só fala de ti, amor!
(Florbela Espanca)