domingo, 4 de janeiro de 2009

O ciclone

Choro
E as águas que minam em meus olhos
E irrigam as minhas rugas
Buscam nestas fugas
Se afastarem da tristeza
Mas como?
Se a angústia tem nas lágrimas
a sua fortaleza?

Conto a ti a minha dor
se não te moves para tanto
Levo a ti, em versos, o meu amor

Rompeste nosso elo
Resquício, frangalho, farelo...
Já não sou uma unidade
apenas fragmentos
mas ainda pulsa o órgão cardíaco
bombeando sentimentos
aumentando a gravidade
e no crepúsculo da vida
me venceu a enfermidade

Que chovam então serestas
e palestras te dêem conta
do quão grande é a nostálgia
dos meus olhos, já cinzentos
Pela lacrimorragia a banhar a minha face
pois no enlance de um curto matrimônio
assim como o demônio a fugir da santa cruz
me deixaste e apagaste a minha luz
logrando o meu amor
até que eu chegasse ao fim
dizendo não com o teu furor
ao mais sincero sim

Te escrevi este gazel
acreditando se ainda gostares
deste pobre menestrel
ouvirá estes versos entrestecidos
como o afã da tua alma
muito além dos teus ouvidos
mas se acaso ignorares essa nobre confissão
não creio que muito me reste
mas mesmo no lúgubre leito
é possível que, no peito, o amor se manifeste
E quando a morte então chegar
para levar-me como um ciclone
antes do último suspiro
sorrindo, direi seu nome.
(Serginho Poeta)

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