domingo, 8 de julho de 2012

Coração é terra que ninguém vê

Quis ser um dia, jardineira
de um coração - nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.
Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata nada criei.
Semeador da Parábola...
Lancei a boa sementea gestos largos...
Aves do céu levaram.
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
na terra dura da ingratidão
Coração é terra que ninguém vê - diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho,- teu coração.
Bati na porta de um coração.
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
foi que encontrei...
(Cora Coralina)

Nenhum comentário:

Postar um comentário