Talvez um voltasse, talvez o outro fosse.
Talvez um viajasse, talvez outro fugisse.
Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos,
dominicais, cristais e contas por sedex
(...)
talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não.
Talvez algum partisse, outro ficasse.
Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego.
Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos,
talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro,
ou viajassem junto para Paris
(...)
talvez um se matasse, o outro negativasse.
Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida,
quem sabe.
Talvez tudo, talvez nada...
(Caio Fernando Abreu)
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