quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Talvez um voltasse, talvez o outro fosse.

Talvez um viajasse, talvez outro fugisse.

Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos,

dominicais, cristais e contas por sedex

(...)

talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não.

Talvez algum partisse, outro ficasse.

Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego.

Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos,

talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro,

ou viajassem junto para Paris

(...)

talvez um se matasse, o outro negativasse.

Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida,

quem sabe.

Talvez tudo, talvez nada...

talvez....
(Caio Fernando Abreu)

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