É noite de luar casto e divino.
Tudo é brancura, tudo é castidade…
Parece que Jesus, doce bambino,
Anda pisando as ruas da cidade…
E eu que penso na suavidade
Do tempo que não volta, que não passa,
Olho o luar, chorando de saudade
De teus olhos claros cheios de graça!…
Oceanos de luz que procurando
O seu leito d’amor, andam sonhando
Por esta noite linda de luar…
Talvez o perfumado, o brando leito
Que procurais, ó olhos, no meu peito
Esteja à vossa espera a soluçar…
(Florbela Espanca)
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