Desancorada a canoa segue o fluxo das águas
o rio é tenso, mar bravo de água doce
eu ao relento, inebriado
ouço os cânticos da correnteza
desacorrento meu espirito
a névoa se dissipa
o ar é leve e fresco
a embarcação dança o balanço fluvial,
estou em paz.
O rio continua me guiando
agora sua superfície é límpida
com a ponta dos dedos deixo o rastro
que forma pequenas ondas
dissolvido, um espelho se cria em meio as folhas
olho d'água me mostrando quem sou
árvores de ponta cabeça,
o céu está sob mim.
As folhas se despedem com frequência,
contra a nascente sigo
ainda não sei qual o destino,
toda margem é terra firme
não sei onde ancorar.
Um frio me toma o peito
já não vejo nada
tudo é tão abstrato e escuro
imperceptível é minha força diante minha angustia
não estou só.
Animais hostis vidram seus olhos e rugidos
desejando meu intelecto,
por um instante de lucidez em pleno desespero
meu coração me leva à um lugar onde pensamento algum me tirará do prumo.
A canoa continua a bailar
preciso sair dali
me afogando com o ar que pesa em meus pulmões
vejo minha salvação.
Diluído é meu esclarecimento mente à dentro...
Há remos na embarcação,
independente de pra onde o rio siga
de agora em diante, são eles que me darão a direção!
(André Luiz Pereira)
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