Lá vai Maria
Andando pela rua de mão dada ao pai
trancinhas balançando pra lá e pra cá
e fitas ao vento
eternamente livres enquanto presas à Maria
Às vezes, Maria se ira e espera algo
como se iria do céu ao chão
qualquer pena ou pluma
dentre os zilhões de quilômetros da superfície da Terra
atingir-lhes os cabelos e fazê-la sentir-se especial
grande como a Grande Muralha ou
grande como palavra começada com letra grande
Há horas em que ela se cansa
e se sente como o pacato cidadão comum, desses de perfil traçado
camisa bem passada e expressão regular
e ela se sente por dentro dos sapatos dos outros
E ela diz pra si mesma que isso são assuntos de mulher e, por hora
ela é apenas menina
E, indiferente e preocupada com as coisas da vida
aqui de fora, nos resta apenas acompanhar o balançado das fitas dos seus cabelos
Entre vestidinhos, bonecas, trejeitos
Lá vai Maria
A mão à qualquer um que quiser lhe acompanhar
Pois, de guias ela não precisa
Amar, iria até ela amar...iria
quem sabe, um dia...
Pro sim e pro não
Eu gosto apenas de olhá-la
De esmerar o meu convívio com ela
De poesiar o seu simples caminhar
As vezes eu sinto ela
E, aqui de longe sinto até um pouco
que ela, sou eu.
E hajam neologismos pra Roseá-la o suficiente.
(Tiago Belizário - Um Homem em branco)
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