sábado, 10 de janeiro de 2015

Cabeça-caos

É na volta pra casa
Que as certezas se distraem
E as dúvidas passeiam livremente
Sem permissão prévia.

Ser ou não ser, é inquietação pequena
Diante de tantas outras questões.

O problema é que a gente
Sabe o que fazer
Sabe como agir
Mas na hora
(puta merda!)
Na hora a gente bambeia,
Engasga, trava, oscila.
Va-ci-la.

Retorno à estaca zero.

Teu submundo implícito na lua
Que te rastreia e do alto te vigia
Dela você não se esquiva,
Nem na ida, nem na volta.

Na cabeça uma loucura muda
De vozes que ecoam em silêncio.
É agudo, é crônico: É momento.

Na volta pra casa
Caminho é identidade.
Reconhecer onde os pés pisam,
O olhar marcado de forma precisa.

Passo a passo
Pessoa a pessoa.

Nos dias em que transbordo,
Nem toque de recolher
Me põe pra dentro.

Cabeça-caos

(Jenyffer Nascimento, do livro Terra Fértil)